Quem sou eu

Minha foto
SOU UMA PESSOA EXTREMAMENTE CRÍTICA,DETESTO INJUSTIÇA E ADMIRO PESSOAS QUE CORREM EM BUSCA DO CONHECIMENTO.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A REINVENÇÃO DAS HISTÓRIAS

              


Não  há histórias que só possa ser contada
de uma única maneira.Mas,então,
se de algum modo ela é alterada,
continua a ser a mesma história?
Reinventar histórias conhecidas aguça
a percepção de que o mundo é feito de múltiplos pontos de vista.

                                    
Quanto mais antiga a história,maior o número de versões que ela
provavelmente terá.Pois,afinal,sabemos muito bem que"quem conta um conto aumenta um ponto".Os contos dos irmãos Grimn e de Andersen,por exemplo,são fruto de uma longa pesquisa de histórias
populares,de narrativas da tradição oral que foram sofrendo alterações no decorrer do tempo.Hoje encontramos incontáveis versões para os contos mais consagrados que eles recolheram e compilaram.Esse é um tema interessante para discutir coma s crianças na escola.
              Alguns livros,no entanto,se propõem  algo mais inovador em relação à diversidade dos modos de contar:pretendem transgredir histórias muito conhecidas,operar recriações.É,por exemplo,o que Flávio de souza faz em sua obra Que  é essa?,na qual conta histórias bem conhecidas,porém adotando o ponto de vista de personagens seundários que,muitas vezes,tem pouca participação no enredo da Versão original.Outro livro em que ocorre algo semelhante é A verdadeira história dos Três Porquinhos,de Jon Scieszka: nele o Lobo Mau narra a sua versão dos fatos,provocando,com isso,certa dúvida no leitor quanto à veracidade do que foi relatado em uma ou outra versão desse clássico da literatura infantil.
             Discutir com as crianças essas estratégias de criação amplia bastante seu modo de olhar para as histórias e pode apontar novos caminhos de produção escrita.

             Nas classes de educação infantil é aconselhável apresentar e ler,ao longo de uma semana,várias versões de uma mesma história e em seguida perguntar ás crianças sobre as diferenças e semelhanças percebidas entre elas.Depois pode-se sugerir que elas criem oralmente finais doferentes para os contos,produzindo versões do grupo.Pode-se também propor que alterem as aventuras vividas pelos personangens ou que incluam alguns novos,de tal forma que estes tomem parte nas ações relatadas.
            Com os alunos maiores,nas classes iniciais do ensino fundamental,é possível ampliar consideravelmente o trabalho.O professor pode sugerir a leitura de textos escritos do ponto de vista de outros personagens(como acorre nos dois títulos mencionados) e discutir coisas muito interessantes.Pode,pouco a pouco,auxiliar seus alunos a considerarem pontos de vista diferentes:Será que existe sempre o bonzinho e o malvado?Cada personagem não terá tido suas razões para agir como agiu?Afinal de contas,o lobo precisa se alimentar de algo,é um animal carnívoro....Esse trabalho pode ajudar inclusive a discutir questões de ética,matéria essencial na educação das crianças.
          Outras propostas de trabalho podem sugerir novas transgressões,Para isso,será necessário que o professor apóie a criação das diferenças versões,fazendo perguntas como esta:Agora quem quer ser a vovó da chapeuzinho e contar a história do jeito dela?O adulto deverá também dar sugestões que encorajem os alunos a acresxentar fatos e informações novas à narrativa conhecida:por exemplo:O que será que os caçadores estavam fazendo antes de entrar na história?
         Outros exemplos:

  • Alterar as características dos personagens e imaginar as implicaçoes disso:como seria a história de Cinderela se ela fosse uma moça muito chata?
  • Introduzir modificações no enredo da narrativa original e,a partir disso,criar uma nova continuidade para ela:se João e Maria nunca tivessem encontrado uma casa feita de doces.
  • Acrescentar encontros de personagens de outros contos ou personalidades da atualidade em um conto consagrado: imaginar que Fera foi ao baile da Cinderela.Como a História ficaria?
  • Registrar encontros de persongens de dois ou mais contos distintos no decorrer de suas histórias:em que momento a Polegarzinha e o Valente Soldadinho de Chumbo poderiam se encontrar?Como seria esse encontro?O que eles diriam um ao outro?
       É importante ter em mente que as crianças só poderão fazer as transgressões sugeridas e outras que poderão sr imaginadas se puderem ler e ouvir muitas histórias.Para que se sintam autorizadas e encorajadas a recriar narrativas consagradas,é preciso que tenham uma "biblioteca mental",um bom estoque narrativo na cabeça.

Com as crianças maioes,da 5ª à 8ª série,a discussão pode ser mais aprofundada e as transgressões propostas  elas ainda mais elaboradas do que as anteriores.É possível,nessa faixa étaria,sugerir
que escrevam uma outra história,mas com os mesmos personagens vivendo situações semelhantes.Ou seja,a função deles dentro da trama não poderia ser modificada,apenas o contexto em que se pode pedir que escrevam diálogos entre personagens de uma mesma história,utilizando argumentos eficientes e eventualmente sugerindo,por meio do desfecho pensado para a conversação,novos rumos para o enredo das histórias conhecidas.Outra proposta é a reescrita de histórias conhecidas num contexto histórico  e social diferente do usual,enforcando,por exemplo,problemas das grandes cidades brasileiras:Como se poderia reescrever a história de Pinóquio falando de sequestro ou roubo de crianças?Que história poderia ser recontada enfocando a aids,as drogas ou a porstituiçao?
        Além disso,os estudantes mais velhospodem receber informações sobre o contexto social em que várias versões de uma mesma história foram criadas,a fim de que compreendam algumas das diferenças entre elas.