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SOU UMA PESSOA EXTREMAMENTE CRÍTICA,DETESTO INJUSTIÇA E ADMIRO PESSOAS QUE CORREM EM BUSCA DO CONHECIMENTO.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O MOMENTO CERTO DE CORRIGIR OS ERROS COMETIDOS POR SEUS ALUNOS,NEM SEMPRE É NO INSTANTE EM QUE ESSES ERROS FORAM COMETIDOS!

                                     A discussão do erro assumiu um papel importante nos últimos tempos por motivos diferentes e até opostos.Primeiro,foi importante perceber o mal que fazíamos aos nossos alunos quando desconsiderávamos seus conhecimentos com o famoso "tá errado" de caneta vermelha.A idéia de erro construtivo abriu um mundo desconhecido que fascinou a muitos de nós,educadores.Passamos a viver um certo encantamento com os erros:é de fato maravilhoso ver uma criança pequena escrevendo,dentro de um sistema silábico,poesias,parlendas ou histórias.Quando as crianças passavam a escrever alfabeticamente era mais lindo ainda.Até aí tudo bem,mas as crianças mais velhas e alfabetizadas escreverem errado nunca alegrou ninguém.
                           Poema escrito por Danilo,6 anos recém-alfabetizado,
No caso da ortografia,que mobiliza tanto os professores,fica claro que a correção se define pelo momento da aprendizagem em que os alunos,estão.Se a criança ainda nem escreve alfabeticamente,e para escrever cachorro usa menos letras do que precisa -por exemplo, KXO -,deve o professor insistir com ela que não é com  X que se escreve,mas com CH,ou que o K nem existe no nosso alfabeto e ele não faz sentido ainda para ela.Além de inútil,poderá deixá-la atônita,porque ela não sabe sequer do que o professor está falando.Para essa criança,a intervenção adequado é aquela que a ajuda a transformar suas idéias sobre a escrita,isto é,aquela em que o professor cria situações nas quais ela possa pôr em jogo sua hipótese sobre a escrita,que nesse momento é silábica.
Quando,num outro momento,um aluno escreve CAXORO,o professor precisa intervir na questão ortográfica e consider cuidadosamente a melhor forma de fazer isso.Se naquele momento o menino está escrevendo uma história,e articulando o fluxo das idéias,interrompê-lo para corrigir a ortografia não faz sentido,a não ser que ele mesmo pergunte:"Cachorro é com X ou com CH"?,e aí,claro,o professor deve responder.Isso não significa que ele não vá trabalhar com situações de reflexão sobre a ortografia,mas que vai priorizar,naquele momento,o desenvolvimento da escrita do texto,criando uma nova oportunidade,em  um outro momento,para intervir especificamente na aprendizagem de ortografia.Esse novo momento poderá ser apoiado naquele texto em particular para aquela criança ou pode ser um trabalho coletivo,no qual o professor tratará questões ortográficas comuns a várias crianças da classe.
                                                
O que deve ser repensado é a concepção mais tradicional de correção,apoiada na idéia de que ela tem um caráter cirúrgico,precisa ser feita no ato em cima do erro.Muitos professores e mesmo os pais consideram que o erro não corrigido ficará para sempre na memória do aprendiz.Isso não é verdade.Se o menino escrever CACHORO uma vez,não significa que ele nunca vá aprender que "cachorro" é escrito com dois erres e não co um só,já que essa é uma ocorrência regular na língua.Além do mais,se simplesmente ver levasse as crianças a aprenderem a escrever,aos oito anos ninguém mais cometeria erros ortográficos ,porque o que mais veem é a escrita correta.Por que haveríamos de crer que a criança vê repetidas vezes a forma certa e não a fixa e,num rápido e eventual contato com o errado,fixa o erro?
Assim,entre o "tudo pode" e o "nada pode",entre o "não se deve deixar nem a sombra do erro" e o "agora  não é mais para corrigir" existe um enorme espaço para a atuação inteligente do professor - como pode ser observado no depoimento seguinte:
                                      
Quando eu era professora de uma classe de pré,vivia fascinada por ser testemunha e parceira do processo de alfabetização das crianças.Uma das características mais marcantes desse momento é a consciência e,por conseguinte,a preocupação que os alunos começam  ter em escrever convencionalmente ou,nas palavras das próprias crianças,escrever certo.Na educação infantil,se você pedir às crianças que escrevam alguma coisa,na grande maioria das vezes elas não tem o menor pudor:
pegam o papel,o lápis ou caneta e se põem a escrever.Mas no ensino fundamental,como alguns já começam a escrever convencionalmente,outros ficam meio intimidados e não querem se expor.
Este é um dos maiores desafios do professor.Nossa expectativa é que eles escrevam e,a partir dessa produção,possamos colocar questões e problematizar para que avancem nas sua ideias sobre a língua escrita.Mas e quando pedimos que escrevam e eles dizem que não sabem escrever? Aí é  uma encrenca.Eu vivi essa situação.Quando os alunos começavam a mostrar resistência para escrever,eu ficava perturbada.Afinal,era verdade que eles não sabiam.A única coisa que sobrava,e que eu achava correto,era dizer: "Escreva do seu jeito".
No primeiro momento isso até funcionou.Eles se despreocupavam,relaxavam e acabavam escrevendo.O problema é que algumas crianças começaram a achar que escrever do jeito delas era sinônimo de escrever de qualquer jeito.Resultado:eu tinha que engolir qualquer coisa porque,afinal era do jeito delas.Ficou claro também que estavam realizando produções inferiores ao que seriam capazes de fazer.
Percebendo isso e discutindo com outros professores que também estavam sentindo esse problemas,acabamos encontrando uma solução.Passamos então a pedir que as crianças escrevessem "da melhor maneira possível" ou "do melhor jeito que conseguissem".Passamos também a chamar a atenção das crianças para que utilizassem conhecimentos sobre os nomes deles e dos colegas,que olhassem as listas(de histórias conhecidas,de materiais,etc.)que havia na classe,que procurassem no alfabeto letras que pudessem servir,etc.
Creio que foi um salto de qualidade para a nossa atuação como professores.Desse modo,as crianças não se sentiam obrigadas a escrever convencionalmente,com medo de estar fazendo errado,e, ao mesmo tempo,não se contentavam com pouco.
(Depoimento da profª Cláudia Aratangy,classe de pré,escola particular)


quinta-feira, 14 de junho de 2012

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR SEGUNDO CIPRIANO C. LUCKESI

                         QUANDO CORRIGIR, QUANDO NÃO CORRIGIR O ALUNO!!

                                              

               O professor desenvolve dois tipos de ação pedagógica.
Uma é o planejamento da situação de aprendizagem,para a qual tenta criar as condições ideais: oferecer
as informações,montar propostas de trabalho de tal forma que o aluno possa pôr em jogo o que sabe,arriscar-se,avançar e compreender mais à frente do que sabia.O outro eixo do seu trabalho é a intervenção propriamente dita no processo que está acontecendo,no qual o aluno,os grupos ou a classe,diante de uma situação proposta ,realizam coisas,e o professor participa,desenvolvendo vários papéis.
               O professor mantém em suas mãos o pulso da atividade e o olhar atento,para fazer o tempo todo as correções de rota necessárias.Se percebe que algumas crianças tomam um caminho diferente que não é o ideal para a situação de aprendizagem,tem de responder imediatamente.É o que chamamos  de "jogo de cintura" do professor.Muitas vezes  é preciso mudar o rumo das coisas para dar conta do processo real que se apresenta,de situações ou contextos não vistos quando a atividade foi planejada - já que os alunos,quando tem como proposta realizar uma determinada tarefa,põem-se a fazê-lo conforme lhes é possível em cada momento.
               Uma intervenção clássica é a correção.Não é a única intervenção possível,nem a mais importante,mas é a que mais tem preocupado os professores.
               Quando a prática do professor está carregada da convicção de que o seu papel é,fundamentalmente,o de corrigir o aluno,fica evidente que,para ele,aprender é substituir respostas erradas por respostas certas.Numa concepção construtivista de aprendizagem,a função da intervenção do professor não é essa,mas a de atuar para os alunos transformem seus esquemas interpretativos em outros que deem conta de questões mais complexas que as anteriores.
Isso não significa que a correção perde função.Na verdade,podemos dizer que a correção é algo relacionado a qualquer situação de aprendizagem,o que varia é como ela é compreendida pelo professor.
                Pode-se pensar a correção de várias formas.A tradição escolar normalmente vê a correção que o professor realiza fora da sala de aula,longe dos olhos dos alunos,como a principal.Compete-lhe marcar no trabalho realizado aquilo que o aluno errou,para que o erro seja corrigido e não fique presente no produto do trabalho do aluno.Como diz o professor Lino Macedo,essa é a perspectiva do empirismo,muito exigente com a transmissão.Não se pode" facilitar"com a transmissão,devemos fazê-la o melhor possível,sem o risco de perpetuar o erro.
                Se o que o professor estiver corrigindo for uma redação,por exemplo,e ele levar até o fim a situação de correção,provavelmente proporá que o aluno passe o trabalho a limpo,corrigindo.Atrás dessa proposta existe a convicção de que se o erro tiver permanente -,ele poderá fixar-se na memória dos alunos.Essa forma de lidar com o erro responde a uma concepção que supõe a percepção e a memória como núcleos na aprendizagem.
                 Outra visão de correção é a que gosto de chamar de informativa.Ela carrega a idéia de que a correção deve informar o aluno e ser feita dentro da situação de aprendizagem.O professor a realiza durante a própria situação de  produção,levantando questões que ajudem o aluno a perceber certas incorreções ou simplesmente apontando diretamente uma incorreção que,segundo sua avaliação,o aluno possa reconhecer,aproveitando a informação que lhe está sendo oferecida.Por exemplo: nunca classe onde os meninos já escrevem alfabeticamente,o professor passa e vê uma criança que escreveu CUANDO (quando).
Ele pode simplesmente dizer:"Leia para mim o que está escrito aqui",ou "Preste atenção em como você escreveu essa palavra.Pense e me diga se é assim  mesmo que se escreve".ou Procure essa palavra no dicionário",ou ainda:"Se esta questão não for exclusiva de um determinado aluno,o professor pode - se não for atrapalhar o desenvolvimento da atividade que está sendo realizada - simplesmente abrir a questão para a classe e dizer:"Alguém quer,por favor,escrever a palavra "quando" na lousa?"e levantar assim uma discussão.

             

EDUCADOR-PESQUISADOR - UMA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO

                                                       
            O conhecimento é um direito universal,não apenas quanto ao acesso,mas também em relação à sua produção.As pessoas podem fazer ciência com o exercício da crítica,somada à orientação e ao uso de recursos metodológicos adequados,mesmo que estejam fora da escola e da academia,o que não significa desvalorizar  as instituições que organizam e tornam acessível o saber produzido socialmente.Os partidos deste pensamento pretendem desmistificar os olhares que apontam para uma minoria como capazes e para os demais como limitados(LUCkESI et alii,1991).
              Atualmente há um concenso de que,dadas ás devidas condições,qualquer professor pode ser um pesquisador de suas atividades,nos diversos níveis e modalidades de ensino.
Essas idéias,cuja origem reportam-se sobretudo a um pensamento desenvolvido nos Estados Unidos e no Reino Unido(ELIOTT,1982 E PATTERSON et alii,1993)encontram-se também um terreno fértil no debate sobre o professor reflexivo(ZEICHNER,1993 e SCHON,1993  e 1995).Em  nosso país, diversos investigadores tem também se dedicado a estudos sobre o educador-pesquisador (SEVERINO,1997;ANDRÉ,1992,1994 e 2001; e  LUDKE,2000  e 2001).Oportunamente trataremos algumas dessas contribuiçõies à nossa reflexão.
                 Ao discutir a formação do educador,SEVERINO (1997) falando mais especificamente  dos professores do ensino fundamental e ensino médio,alerta-nos para que a nossa atenção volte-se,sobretudo,para a formação do educador-pesquisador.Com isso ressalta a importância do processo da construção do conhecimento,criticando a forma como são repassados os conteúdos,muitas vezes sem discussão,e desvinculados da experiência cultural dos estudantes,que posteriormente não conseguem estabelecer um elo coerente entre os conteúdos estudados e a prática de estágio,ou a própria experiência profissional.Ora,acrescenta o autor:"Se é bem verdade que se aprende pensando,também não deixa de ser verdade que se aprende a pensar fazendo".
                 A  PRÁTICA DOCENTE NÃO PODE SER APENAS UM ATO MECÂNCICO E SOLITÁRIO.Aliada à clareza das informações,a reflexão desses conteúdos em relação à prática dentro ou fora de sala-de -aula traduz-se em produção de conhecimento.De tal maneira,embora a atuação do professor tenha como base e alvo principal a docência,não se limita a ela,abrangendo"também a produção do conhecimento pedagógico,a cooperação na gestão escolar e a interação com a comunidade educativa"(BRASIL .MEC/SEF.1999:62).
                 Apostando na importância do processo de formação de novos pesquisadores DAMASCENO (2000) indica duas questões essenciais na formação do educador-pesquisador:O saber docente como umsaber contrutor de outros saberes,e a pesquisa enquanto atividade conjunta de professores e estudantes,não apenas na coleta de informação mas também na interpretação dos fatos investigados.A autora destaca ainda que o trabalho  de pesquisa é uma prática pedagógica,na medida que contribui para a formação de todos os que buscam aprender a realidade investigada.
                 Entre as dificulades que acompanham os alunos desde os seus primeiros anos de escola até os cursos de pós-graduação,a mais frequente é escrever,justamente porque é necessário não só uma leitura adequada,mas sobretudo a pesquisa de um tema (FAZENDA,1991).
Em consonância com essa afirmação,(SEVERINO,1997) e DAMASCENO,2000),citados anteriormente,assinalam que uma das possíveis falahas do processo de formação de pesquisadores é justamente a falta de uma vivência real nos processos de pesquisa.
                  A identificação desse problema tem gerado uma intensa reflexão sobre o educador-pesquisador,tanto no âmbito acadêmico nacional e internacional,quanto fora dele,espraiando-se para o campo da formulçao de políticas de formação de professores.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A EDUCAÇÃO COMO DIREITO HUMANO

                                                 
Conceber a educação como direito humano diz respeito a considerar que as pessoas se diferenciam  dos outros seres vivos por uma característica inerente a sua espécie a vocação de produzir conhecimento e,por meio dele,transformar a natureza,organizar-se socialmente e elaborar cultura.
A educação é um elemento fundamental para a realização dessa vocação humana.Não apenas a educação escolar,mas a educação no seu sentido amplo,a educação pensada num sistema geral,que implica a educação escolar,mas que não  se basta nela,porque o processo educativo começa com o nascimento e termina apenas no momento da morte da pessoa.Isto pode ocorrer no âmbito familiar,na sua comunidade,no trabalho,junto com seus amigos,nas igrejas,etc.Os processos educativos permeiam a vida das pessoas.
Os sistemas escolares são parte deste processo educativo,em que aprendizagens básicas são desenvolvidas.Por meio deles ,conhecimentos essenciais são partilhados,normas.comportamentos e habilidades são construídos.Nas sociedades modernas,o conhecimento escolar é quase uma condição para  sobrevivência e bem -estar social.
Ao mesmo tempo,as pessoas que passam por processos educativos,e em particular pelo sistema escolar,
exercem melhor sua cidadania,pois tem melhores condições de realizar e defender os outros direitos humanos
(saúde,habitação,meio ambiente,participação política,etc).A educação escolar é base constitutiva na formação das pessoas,assim como na defesa e na promoção de outros direitos.
Por isso,também é chamado de Direito de Síntese,porque possibilita e potencializa a garantia de outros direitos,tanto no sentido de exigi-los como desfrutá-los -  atualmente,uma pessoa que nunca frequentou a escola tem mais dificuldades em realizar o direito ao trabalho,por exemplo.
Nos últimos anos,tem ganhado força a proposta de tratar a educação como um direito humano,graças à qual é possível alterar as opções políticas dos Estados e conceder um caráter prioritário ao desenvolvimento do direito à educação para todas as pessoas.O enfoque baseado em direitos humanos também ajuda a identificar a fonte e os (as) responsáveis  institucionais ou privados (as)pelas violações,bem como a possibilidade de obter uma reparação quando o direito é violado..
Obviamente,o direito à educação é muito mais amplo que o direito à escola,mas esta cartilha se propõe a discutir o direito à educação escolar e quais são os instrumentos jurídicos disponíveis para efetivá-lo.
No caso do Brasil,este direito está estabelecido em leis há muitos anos.O que ocorre é que a garantia do direito à escolarização antecedeu a sua implantação,a sua efetivação.O fato de estar garantido em leis significa que este direito humano foi consagrado pelo Estado como um direito fundamental.No entanto,a existência dos direitos humanos independe deste formalismo jurídico,por estarem relacionados à garantia da dignidade humana,preceito que se sobrepõe a todos os poderes constituídos.
Ainda em relação ao direito à educação escolar,é necessário não a condicionar à necessidade do mercado,como função meramente voltada ao campo econômico.
Nos últimos anos,em virtude de políticas neoliberais e pela força dos valores do mercado,poucas vezes a educação é lembrada como um direito para formação para a cidadania,como formação geral das pessoas.O discurso que prevalece é o de reduzir a educação como função para o desenvolvimento econômico,para o mercado de trabalho,para formar mão-de-obra.A educação como direito humano pressupõe o desenvolvimento de todas as habilidades e potencialidades humanas,entre elas o valor social do trabalho,que não se reduz ao mercado.
O reconhecimento do direito à educação implica garantir que seja acessada por todas as pessoas.A equidade educativa significa igualar as oportunidades de todas as pessoas de acessar,permanecer e concluir a Educação Básica e, ao mesmo tempo,conseguir um ensino de alta qualidade,independente de origem étnica,racial,social ou geográfica.
O movimento da sociedade civil nos últimos anos vem produzindo e constituindo novos direitos,na defesa e no respeito às diferenças e pela superação das desigualdades.Quando estudamos e trabalhamos sob ponto de vista educacional,dos seus indicadores,essas diferenças estão claramente marcadas,pelas condições de gênero,raça,etnia,idade,local de moradia,etc.As desigualdades estão demarcadas fundamentalmente pelas condições econômicas dos grupos sociais.As condições de desigualdade social e as diferenças entre grupos estão inter-relacionadas,produzindo impactos nos indicadores.
Esses aspectos trazem para o campo educacional uma série de condicionamentos e lutas por direitos.Por exemplo,nos indicadores de escolaridade para as pessoas acima de 14 anos,as mulheres tem tido um desempenho muito melhor que os homens e efetuado um maior número de matrículas.É uma característica muito particular do Brasil se comparado a outros países do Terceiro Mundo.

CARACTERÍSTICAS  DO DIREITO A EDUCAÇÃO




DISPONIBILIDADE:
Significa que a educação gratuita (Ensino Fundamental) deve estar à disposição de todas as pessoas.A primeira obrigação do Estado brasileiro é assegurar que existam escolas de Ensino Fundamental para todas as pessoas.O estado não é necessariamente o único investidor para realização do direito à educação,mas as normas intencionais de direitos humanos obrigam-no a ser o investidor de última instancia.




ACESSIBILIDADE:
É a garantia de acesso à educação pública,disponível sem qualquer tipo de discriminação.A não-discriminação é um dos principais primordiais das normas internacionais de direitos humanos e se aplica a todos os direitos.A não -discriminação deve ser de aplicação imediata e plena.



ACEITABILIDADE:
É a garantia da qualidade da educação,relacionada aos programas de estudos,aos métodos pedagógicos e a qualidade dos professores.O Estado está obrigado a se assegurar que todas as escolas se ajustem aos critérios mínimos elaborados e a certificar-se de que a educação seja aceitável tanto para os pais como para os estudantes.



ADAPTABILIDADE:
Requer que a escola se adapte a seus alunos;que a educação corresponda à realidade imediata das pessoas,respeitando sua cultura,costumes,religião e diferenças;assim como às realidades mundiais em rápida evolução.

DIREITOS HUMANOS : A CONQUISTA PERMANENTE DA DIGNIDADE

       NA Europa e nos Estados Unidos,no final do século XVII e século XVIII,ocorreu uma série de transformações,que deu origem a uma mudança de mentalidade,fazendo com que as pessoas passassem a se preocupar em garantir a vida e a liberdade sem os abusos e arbitrariedades do Estado.A Revolução Gloriosa,a Revolução Americana e principalmente a Revolução Francesa contribuíram para o surgimento de uma série de direitos,como por exemplo,o direito à vida,à liberdade de expressão,de pensamento,a garantia de que a lei só proibiria o que fosse prejudicial à sociedade,entre outros.Esses direitos acabaram influenciando as Constituições
de diversos países pelo mundo.Os direitos desse período histórico são chamados civis e políticos , denominados de primeira geração.
É importante lembrar que desder a Grécia antiga já havia discussões sobre a dignidade humana,mas os direitos para assegurá-la só passaram a ser conquistados muitos séculos depois. 
Com o inicio da industrialização, a partir do século XIX,o desenvolvimento do capitalismo industrial teve como consequência a contratação de grandes massas gerando,por uma lado,a superexploração dos(as)trabalhadores(as)e,por outro lado,o enriquecimento de pequenos grupos -a burguesia -iniciando assim uma luta pela reivindicação dos direitos econômicos,sociais e culturais,denominados de segunda geração dos direitos humanos. Tais direitos referem-se ao trabalho e salários dignos,direito à saúde,à educação,à organização sindical,o direito de greve,à previdência social,acesso a cultura e a moradia entre outros.Eles tiveram sua grande expressão no inicio de século XX com a Revolução Russa.Os direitos foram reconhecidos pela primeira vez na Constituição Mexicana,em 1919,colocando na agenda mundial os direitos sociais. 
Os direitos humanos são:



INDIVISÍVEIS -Todas,as pessoas que vivem no planeta terra tem direito a gozar do direito em sua totalidade,sem ser fracionado ou reduzido.Por exemplo,na educação,não basta apenas garantir vagas(acesso),é preciso que o ensino seja de qualidade e atenda às necessidades e às especificidades dos
diferentes grupos.



INTERDEPENDENTES- Todos os direitos estão relacionados entre si e nenhum tem mais importância do que outro.Assim,só se pode exercer plenamente um direito se todos os outros são respeitados.Para desfrutar
do direito à educação,por exemplo,é necessária a garantia de outros direitos fundamentais,como a alimentação e a saúde.Para votar conscientemente,exercendo um direito político,é preciso ter acesso as uma escola de qualidade.



JUSTICIÁVEIS- Como o próprio nome já diz,são direitos(e não favores) e,por isto,podemos exigi-los na justiça quando forem desrespeitados ou violados.Como os direitos são previstos em leis nacionais e também em normas internacionais - como a Declaração dos Direitos Humanos e os Pactos de 1966,entre outros
-para exigi-los,pode-se recorrer tanto ao sistema de justiça nacional como internacional.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A IDEOLOGIA NA ESCOLA - A IDEOLOGIA EM AÇÃO

Desde o final do século XIX e na primeira metade do século XX,pedagogos influenciados pelas teorias da chamada escola nova defenderam a idéia otimista de que a educação teria função democratizadora,como fator de mobilidade social.Ao contrário das expectativas,porém,constataram-se altas taxas de repetência e evasão escolar,sobretudo nas camadas mais pobres da sociedade.Embora os índices fossem mais perversos nos países em desenvolvimento,como é ocaso do Brasil,essa distorção acontecia também em outras regiões do mundo.
Por volta de 1970,teóricos franceses passaram a admitir que a escola não é equalizadora,mas reprodutora das diferenças sociais.Segundo alguns desses pensadores,o próprio funcionamento da escola repetiria a estrutura hierarquizada do sistema,reproduzindo as relações autoritárias existentes fara dela.Mais ainda,ao acentuar a dicotomia entre teoria e práxis, a escola desvaloriza o trabalho manual,privilegia o trabalho intelectual,como também torna a própria teoria estéril,já que a mantém distanciada da prática.Em decorrência dessas concepções pessimistas a respeito da atuação da escola,outros estudiosos passaram a investigar o caráter ideológico da produção da literatura infanto-juvenil e dos livros didáticos.
A partir dessa análise,porém,não devemos generalizar apressadamente,reduzindo a escola e o material didático em instrumentos de ideologia,por ser uma posição por demais redutora.Se os teóricos crítico-reprodutivistas nos alertaram para o fato de a práxis  educativa não ser neutra,mas se achar vinculada à sociedade em que atua,às relações de produção,ao sistema político,isso não significa que ficamos reduzidos a peças de engrenagem e sem força de ação ,uma vez que ninguém é joguete passivo de mistificação.
Além disso,as boas escolas são críticas do sistema e cada vez mais buscam aproximar ensino e vida;e os bons autores,tanto de livros didáticos como de ficção,ao lado da discussão sobre valores humanos considerados importantes,tem sabido abordar,com sutileza,sem moralismos,os temas que revelam os riscos e perigos dos desvios em que envereda muitas vezes a humanidade.Sempre haverá na escola e nos livros a possibilidade de professores,autores e alunos inventarem práticas que se tornem críticas da inculcação ideológica.

IDEOLOGIA: SENTIDO AMPLO

Há vários significados para a palavra ideologia.Em sentido amplo,é o conjunto de idéias,concepções ou opiniões sobre algum ponto sujeito a discussão.Quando perguntamos qual é a ideologia de determinado pensador,estamos nos referindo à doutrina,ao corpo sistemático de idéias e ao seu posicionamento interpretativo diante de certos fatos.É assim que falamos em ideologia liberal ou ideologia marxista.
Ainda podemos considerar a ideologia como teoria,no sentido de organização sistemática dos conhecimentos que antecedem a ação efetiva,tal como nos referimos à ideologia de uma escola,que orienta a prática pedagógica;à ideologia religiosa,que dá regras de conduta aos fiéis;à ideologia de um partido político,que fornece diretrizes de ação a seus filiados.A expressão "atestado ideológico" nos remete à declaração exigida sobre a filiação partidária de alguém.No Brasil,durante o recrudescimento do poder autoritário da ditadura militar,órgãos como o Deops(Departamento Estadual de Ordem Política e Social)exigiam em certas circunstâncias -inclusive para ser contratado para o serviço público,como professor,por exemplo - a apresentação de atestados desse tipo,a fim de controlar a adesão às ideologias marxistas,então consideradas perigosas à segurança nacional.

A PRODUÇÃO DO FRACASSO ESCOLAR

TÓPICOS PRINCIPAIS

1-No início dos anos 70 (EUA),a explicação da desigualdade educacional entre as classes sociais apoiava-se na idéia da "teoria de carência cultural" para explicar que as crianças de classe social "baixa" e "media" se desenvolviam de forma desigual devido às diferenças de ambientes culturais às quais pertenciam,produzindo deficiência no desenvolvimento psicológico infantil,causando dificuldades na aprendizagem e adaptação escolar.

2-Esta versão encontrou aceitação no Brasil devido à visão não-negadora do capitalismo,em que a incapacidade de pobres,negros e mestiços reforçava as "explicações do Brasil" que,de acordo com o subdesenvolvimento econômico ressaltava sua pobreza e malezas,cuja reversão era proclamada como imprescindível ao "milagre brasileiro".

3-Esta ideologia levantava a bandeira da valorização do homem,através do atendimento da criança em suas necessidades básicas,explorando sua potencialidade de inteligência como mística desenvolvimentista - teoria do capital humano - com atenção à extensão da escolaridade e aplicação da tecnologia à organização do ensino,baseadas na pedagogia "inglesa",de modo ao que o Poder público estudou diretrizes de uma política educacional em que se priorizasse o rendimento da "criança excepcional",em nome do "processo evolutivo da espécie em graus de complexidade crescente".

4-Nessa época,muitos pedagogos e psicólogos brasileiros se mostravam seduzidos pela literatura norte americana que enfatizava a "ausência de cultura" como ideia de que termos como "privação,carência e deficiência cultural" deveriam ser substituídos por "marginalização cultural".Essa era uma assimilação acrítica de uma teoria cultural exportada pelos E.U.A,em que os pesquisadores brasileiros em seus meios acadêmicos se vêem presos em uma poderosa armadilha ideológica e de consequências dramáticas.

5-Estudos,explicações e soluções são mergulhadas nas informações fornecidas pela psicologia educacional funcionalista norte americana,a respeito das crianças e famílias de baixa renda,com afirmações e idéias equivocadas de comprovação e preconceitos esteriotipados,numa tentativa de resolução da fratura contida na visão do fracasso escolar,no mais puro estilo do "as causas estão na escola "X",as causas estão na clientela "Y" e a escola é inadequada para as crianças carentes",etc.

6-A professora primária é preconizada como portadora de um despreparo técnico decorrente de uma formação pedagógica inadequada,,despreparada para ensinar criança carente,sobretudo em função de sua origem social-desencontro cultural -dando margem a todo tipo de reflexões e propostas,tais como a intocabilidade das culturas regionais e feitura de cartilhas regionais de guias curriculares equivocados.

7-A "teoria da diferença" é sub-jugada pela "teoria do déficit",pois a tese da diferença continha sutilmente a tese da deficiência.Nesse contexto,os esteriótipos e preconceitos estão presentes nas análises e formulações de propostas para mudanças de dimensões estruturais e funcionais do sistema de ensino.

8-Vivia-se nessa época,a obsessão meritocrática de que haviam sido tomados os cientistas e filósofos liberais que se ocupavam das questões educacionais,estabelecendo no Brasil,dois sistemas escolares paralelos,fechados em compartimentos estanques e incomunicáveis,diferentes nos seus objetivos culturais e sociais e instrumentos de estratificação social:o ensino primário e profissional,secundário e superior.

9-O ensino secundário era o ponto nevrálgico da questão: priorizava-se que ele deveria ser unificado em seus três primeiros anos,com o objetivo comum a cultura geral,para evitar o divórcio entre trabalhadores manuais e intelectuais,pretendendo destruir os obstáculos opostos pela escola tradicional á interpretação de classes,satisfazendo as necessidades práticas de adaptação á variedade de grupos sociais.Esta era uma argumentação desenvolvida verdadeiramente em um terreno movediço.

10-Disfarçada em verdade cientifica,o ensino secundário é construído sob discurso educacional que,na prática,dicotomiza as faculdades e aptidões das classes trabalhadoras,como se elas fossem inferiores e como se seus integrantes tivessem como vocação o trabalho braçal,em que aqueles pertencessem ás classes privilégiadas fossem educados para dirigirem e aqueles pertencentes ás classes inferiores,para serem dirigidos.

11-Essa concepção baseava-se na interferência maciça dos E.U.A na política educacional brasileira,que preconizava o fato de que "não se pode confundir igualdade nas urnas com igualdade na escolaridade",pois existem diferenças individuais de habilidade e aptidão.A escola primária urbana brasileira cai de sete para cinco e depois para quatro anos,num disciplinamento da clientela de origem popular para o ensino secundário,pois pelo processo de "peneiramento" natural,só conseguiriam atingir o ginásio,os mais aptos e mais capazes para este tipo de ensino.

12-Segundo idéias norte americanas,"os dons do intelecto procedem de Deus e o homem não pode impedir sua distribuição desigual".No limiar dos anos sessenta,assistia-se a um nítido retrocesso na explicação das  causas das desigualdades sociais;"quem não vence na escola ou na vida pertence ao contingente dos intelectuais deserdados pela vontade divina".

13-A situação do ensino brasileiro é então ,alvo de críticas duras.Nos últimos 50 anos o índice de evasão e repetência na escola pública é alto e de problemas básicos que continuam intocados,apesar das intenções demagogicamente proclamadas por tantos políticos e dos esforços sinceramente empreendidos por muitos educadores e pesquisadores.São convicções que se arrastam através de um labirinto de idéias vagas,fora de seu alcance,permeado por palavras de discursos manejados.

14-Currículos são enfatizados e caracterizados pela prescrição de disciplinas formais,de transmissão de conhecimentos por simples técnicas mnemônica,como se a tarefa importante em aprendizagem fosse a aquisição da habilidade de responder a perguntas.Isto impede a profissionalização consciente e honesta da função docente,formalizando-os,burocratizando-os no pior sentido.A não ser um mau ensino de leitura e da escrita,o resto é mais ou menos "simples passar de leve" por noções que as crianças não assimilam e não lhes apreendem a função prática ou teórica.

15-Chega-se assim,a uma escola que não é nem educativa,nem instrutiva,nem intelectualista;é simplesmente uma rotina apressada que torna impraticável qualquer iniciativa nova e que leva á estilização superficial dos exercícios escolares.E isto é certo e aplicável ás realidades atuais do ensino público.O termo calamidade no ensino é válido,pois que tal situação demagógica e política é senão um reflexo de nossa realidade educacional.

16-Outro absurdo: a promoção automática.Tema tão atual quanto controvertido,serve de argumento demagógico de base,sobretudo a políticos comprometidos ás estatísticas falsas e comprometedoras,maquiadas por esse instrumento tomado como verdade enquanto fato antidemocrático.Desdito e mentiroso,espelha paradoxos terríveis quanto a desmedida prática;tornou-se uma aventura política,emblemática quanto a sua aplicação e equivocada quanto ao seu juízo.

17-Há uma alta correlação positiva entre classe social e escolaridade;num país no qual tradicionalmente as causas do fracasso escolar foram localizadas em características bio-pisico-sociais do aprendiz,no contexto de uma concepção funcionalista de vida social,estava aberta a porta para a teoria de carência cultural,discurso este,de cunho educacional dos anos setenta.

18-A educação é baseada numa concepção interacionista de desenvolvimento:se atribui igual peso á influência da maturação física e da estimulação ambiental no desenvolvimento das capacidades e habilidades necessárias á aprendizagem da leitura e escrita;primeiras prescrições dos remédios para reverter a "privação cultural",fiéis á idéia de educação compensatória.Eram tempos nos quais vigorava a tese da "disparidade cultural" como explicação do fracasso escolar.

19-As características psicológicas das crianças pobres dos anos setenta oscilavam entre a tese do déficit e da diferença:o aluno -proveniente em sua maioria,de ambientes econômica e culturalmente desfavorecidos,que não tem possibilidade de lhe proporcionar a estimulação e os treinamentos necessários a um bom desenvolvimento global -Chega á idade escolar sem condições de cumprir o que a escola exige dele.

20-Esse era o apogeu do discurso da teoria da carência cultural.A causa principal do fracasso encontrava-se no aluno,cabendo á escola uma parcela de responsabilidade por não se adequar a este aluno de baixa renda.Havia também a falta de preparo do professorado,urgência de capacitação do,corpo docente em decorrência do despreparo do discente:30% dos professores tem apenas 3 ou 4 anos de escolaridade:86% das professoras de classe única são leigas.

21-A dominação cultural, a ideologização a serviço da reprodução das relações de produção,ambos são característicos dos integrantes das classes dominantes,que faria do sistema de ensino instrumento a serviço da manutenção dos privilégios educacionais e profissionais daqueles que detêm o poder econômico e capital.O conceito dominação nem sempre é apreendido como contrapartida cultural da exploração econômica inerente a uma sociedade de classes regida pelo capital.

22-"Capital cultural",em termos de fracasso escolar,era sinônimo de desenvolvimento psicológico consoante com os critérios de uma psicologia normativa,com considerações de desenvolvimento deficitário em que o imediatismo e o viver sem regras eram características atribuídas ás populações carentes;tomadas de forma acríticas por pesquisadores brasileiros,enfatizando o significado sócio-cultural das classes pobres num visão esteriotipada e negativa,imputando o fracasso na inadequação da escola a esta criança carente ou diferente.

23-Inicia-se,então, um processo de marginalização que é realizado inconscientemente através do desconhecimento total das professoras - na grande maioria pertencentes á classe média -sobre a população de alunos com a qual estão lidando.

24-Apesar da extensão da escola ás massas populares desfavorecidas,essa escola não sofreu mudanças significativas em sua atribuições na reprodução das desigualdades sociais.No passado,a exclusão atingia os que não ingressavam na escola;hoje ela atinge os que nela chegam,operando,portanto,de forma menos transparente,como altos índices de evasão nos primeiros anos de ensino.

25-A inadequação da escola á realidade da clientela é uma das conclusões sobre o fracasso escolar.Esse discurso fraturado predominou num período em que vigoravam as idéias escolanovistas,quando não repete a tentativa de colagem deste discurso afirmando que a escola que aí está é inadequada á clientela carente.

26-As dificuldades de aprendizagem escolar da criança pobre decorrem de suas condições de vida.Esse pensamento encontra-se em plena circulação no pensamento educacional -pura influência da teoria da carência cultural.As condições escolares são hoje mecanismos de seletividade poderosos.Grande parte desse fracasso se deve,sem dúvida,á pobreza material de que essas crianças são vítimas;produzidas por condições de vida incompatível com o desempenho bem-sucedido-teria do déficit.

27-No período de quase um século,portanto,mudam as palavras,permanece uma explicação:as crianças pobres não conseguem aprender na escola por conta de suas deficiências,sejam elas de natureza biológica,psíquica ou cultural.E,baseado na teoria de diferença cultural,a escola pública é uma escola adequada ás crianças de classe média e o professor tende a agir,em sala de aula,tendo em mente,um aluno ideal.

28-Mesmo quando a fundamentação teórica deixou de ser não-crítica para ser crítico-reprodutivista e, pouco depois,crítica,a distância cultural entre a escola e sua clientela majoritária,a primeira se tornou estranha á segunda,exigindo a verificação do grau de adequação entre as propostas e orientações curriculares,a forma de trabalho do professor e as características da clientela,aliadas ás informações sobre o nível psicológico das crianças cujos padrões são voltados a conceitos ideais,não reais,atribuem -erroneamente -á falta de "capital cultural" ao fazer frete ás exigências da escola.

29-É necessária especial atenção quanto ao conhecimento ou desconhecimento que os professores tem em relação á visão quanto ao entendimento e discriminação dos padrões culturais da classe pobre,baseados na visão de sua classe média,por puro preconceito,enfatizando equivocadamente falsos juízos de valores.

30-O processo de construção do conhecimento,ainda que relacionado com todo social,não se confunde com barganha política.Há muito que fazer na área da pesquisa educacional.Para que os erros do passado não continuem a se repetir,é fundamental reexaminar a questão do método,apesar de impasses no discurso acadêmico da educação quanto ao fracasso escolar,onde o concreto e o empírico são confundidos de forma,não rara,a vivermos numa realidade educacional dominada e segmentada por "variáveis".

quarta-feira, 6 de junho de 2012

SENSO COMUM E BOM SENSO

Chamamos senso comum ao conhecimento adquirido por tradição,herdado dos antepassados e ao qual acrescentamos os resultados da experiência vivida na coletividade a que pertencemos.Trata-se de um conjunto de idéias que nos permite interpretar a realidade,bem como de um corpo de valores que nos ajuda a avaliar,julgar e, portanto,agir.O senso comum,porém,não é refletido e se encontra misturado a crenças e preconceitos.É um conhecimento ingênuo(não-crítico),fragmentário (porque difuso,assistemático e muitas vezes sujeito a incoerências) e conservador (resistente às mudanças).
Com isso não queremos desmerecer a forma de pensar do indivíduo comum,mas apenas enfatizar que o primeiro nível de conhecimento precisa ser superado em direção a uma abordagem crítica e coerente,características que não precisam se restringir necessariamente às formas mais requintadas de conhecer,tais como a ciência ou filosofia.
Em outras palavras,o senso comum precisa ser transformado em bom senso,entendido como elaboração coerente do saber e como explicitação das intenções conscientes dos indivíduos livres.Segundo o filósofo Gramsci,o bom senso é o "núcleo sadio do senso comum".Qualquer pessoa,estimulada no exercício de compreensão e crítica,torna-se capaz de juízos sábios,porque vitais,isto é,orientados para sua humanização.
Geralmente os obstáculos à passagem do senso comum ao bom senso resultam da exclusão do indivíduo das de cisões importantes na comunidade em que vive.Em sociedades não-democráticas,as informações não circulam igualmente em todas as camadas sociais,por isso nem todos tem igual possibilidade de consumir e produzir cultura.No Brasil,por exemplo,muitas crianças em idade escolar estão excluídas da educação ,isso sem falar da pirâmide educacional,dos que não conseguem permanecer na escola no decorrer do processo,fazendo restar uma porcentagem muito pequena de estudantes que atingem os níveis superiores de escolarização.No entanto,não são apenas as pessoas menos instruídas que nem sempre conseguem passar do senso comum para o bom senso.
Funcionários de empresas,empresários,sacerdotes,professores,cientistas,especialistas de qualquer área,podemos estar  restritos a formas fragmentárias do senso comum quando,em determinados setores de sua vida pessoal,encontram-se presos a preconceitos,a concepções rígidas,sucumbindo á ação massificante dos meios de comunicação ou ao peso da tradição.
Outras vezes,renunciamos ao exercício do bom senso quando nos submetemos ao poder dos tecnocratas,seduzidos pelo !saber do especialista".Basta observar a timidez de decisão dos pais que,ao educarem os filhos,delegam poderes a psicólogos,pedagogos,pediatras.Ao dizer isso,não estamos desvalorizando a importante contribuição de cientistas e técnicos,apenas ressaltamos  que o leigo não precisa permanecer passivo diante do saber do técnico,demitindo-se de certas ações quando ele próprio poderia exercê-las.Ele tem o direito,por exemplo,de informar-se ativamente a respeito do tratamento médico a que  se acha submetido e sobre seus efeitos.Em última análise,convém desmistificar a tendência de cultuar as pessoas"estudadas" em detrimento das que são sem "letras" ou simplesmente não-especialistas.
Qualquer indivíduo,se não foi ferido em sua liberdade e dignidade,será capaz de desenvolver a autoconsciência,de elaborar criticamente o próprio pensamento e de analisar a situação em que vive.

PROJETO MÚSICA -

JUSTIFICATIVA: A música faz parte do cotidiano de todos ,alguns bebes ainda na barriga de suas mães,já tem um contato com sons e até mesmo com a música.Pesquisadores na área de educação comprovam que há maior possibilidade do aluno aprender quando este está inserido num contexto musical em sala de aula.


OBJETIVO GERAL: Apresentar ritmos musicais diferentes ao aluno,não só ritmos brasileiros mas expandir essas apresentações a ritmos musicais de outros países,de outras culturas.



OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Levar ao conhecimento do aluno a história musical brasileira, a riqueza musical que existe no Brasil e no mundo,a infinidade de ritmos existentes,as variações rítmicas de acordo com as regiões,as percussões criadas através de matérias recicláveis ,os sons produzidos pelo corpo,os sons produzidos pela natureza,etc.



HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA:(Resumo para auxilar o professor)
-A Música do Brasil formou-se, principalmente, a partir da fusão de elementos europeus e africanos, trazidos respectivamente por colonizadores portugueses e pelos escravos.
-A maior contribuição do elemento africano foi a diversidade rítmica e algumas danças e instrumentos, que tiveram um papel maior no desenvolvimento da música popular e folclórica.
-Podemos dizer que a MPB surgiu ainda no período colonial brasileiro, a partir da mistura de vários estilos. Entre os séculos XVI e XVIII, misturou-se em nossa terra, as cantigas populares, os sons de origem africana, fanfarras militares, músicas religiosas e músicas eruditas europeias. Também contribuíram, neste caldeirão musical, os indígenas com seus típicos cantos e sons tribais.
-Dois ritmos musicais que marcaram a história da MPB: o lundu e a modinha. O lundu, de origem africana, possuía um forte caráter sensual e uma batida rítmica dançante. Já a modinha, de origem portuguesa, trazia a melancolia e falava de amor numa batida calma e erudita.
-Na segunda metade do século XIX, surge o Choro ou Chorinho.
-Em 1899, a cantora Chiquinha Gonzaga compõe a música Abre Alas, uma das mais conhecidas marchinhas carnavalescas da história.
-Já no início do século XX começam a surgir as bases do que seria o samba. Dos morros e dos cortiços do Rio de Janeiro, começam a se misturar os batuques e rodas de capoeira com os pagodes e as batidas em homenagem aos orixás. O carnaval começa a tomar forma com a participação, principalmente de mulatos e negros ex-escravos. O ano de 1917 é um marco, pois Ernesto dos Santos, o Donga, compõe o primeiro samba que se tem notícia : Pelo Telefone. Neste mesmo ano, aparece a primeira gravação de Pixinguinha, importante cantor e compositor da MPB do início do século XIX.
-Enquanto o baião continuava a fazer sucesso com Luis Gonzaga e com os novos sucessos de Jackson do Pandeiro e Alvarenga e Ranchinho, ganhava corpo um novo estilo musical: o samba-canção. Com um ritmo mais calmo e orquestrado, as canções falavam  principalmente de amor. Destacam-se neste contexto musical : Dolores Duran, Antônio Maria, Marlene, Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Angela Maria e Caubi Peixoto.
-Em fins dos anos 50 (década de 1950), surge a Bossa Nova, um estilo sofisticado e suave. Destaca-se Elizeth Cardoso, Tom Jobim e João Gilberto. A Bossa Nova leva as belezas brasileiras para o exterior, fazendo grande sucesso, principalmente nos Estados UnidoA televisão começou a se popularizar em meados da década de 1960, influenciando na música. Nesta época, a TV Record organizou o Festival de Música Popular Brasileira. Nestes festivais são lançados Milton Nascimento, Elis Regina, Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Edu Lobo. Neste mesmo período, a TV Record lança o programa musical Jovem Guarda, onde despontam os cantores Roberto Carlos e Erasmo Carlos e a cantora Wanderléa.Na década de 1970, vários músicos começam a fazer sucesso nos quatro cantos do país. Nara Leão grava músicas de Cartola e Nelson do Cavaquinho. Vindas da Bahia, Gal Costa e Maria Bethânia fazem sucesso nas grandes cidades. O mesmo acontece com DJavan (vindo de Alagoas), Fafá de Belém (vinda do Pará), Clara Nunes (de Minas Gerais), Belchior e Fagner ( ambos do Ceará), Alceu Valença (de Pernambuco) e Elba Ramalho (da Paraíba). No cenário do rock brasileiro destacam-se Raul Seixas e Rita Lee. No cenário funk aparecem Tim Maia e Jorge Ben Jor.Nas décadas de 1980 e 1990 começam a fazer sucesso novos estilos musicais, que recebiam fortes influências do exterior. São as décadas do rock, do punk e da new wave. O show Rock in Rio, do início dos anos 80,serviu para impulsionar o rock nacional.Com uma temática fortemente urbana e tratando de temas sociais, juvenis e amorosos, surgem várias bandas musicais. É deste período o grupo Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Titãs, Kid Abelha, RPM, Plebe Rude, Ultraje a Rigor, Capital Inicial, Engenheiros do Hawaii, Ira! e Barão Vermelho. Também fazem sucesso: Cazuza, Rita Lee, Lulu Santos, Marina Lima, Lobão, Cássia Eller, Zeca Pagodinho e Raul Seixas.Os anos 90 também são marcados pelo crescimento e sucesso da música sertaneja ou country. Neste contexto, com um forte caráter romântico, despontam no cenário musical : Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo e João Paulo e Daniel.Nesta época, no cenário rap destacam-se: Gabriel, o Pensador, O Rappa, Planet Hemp, Racionais MCs e Pavilhão 9.O século XXI começa com o sucesso de grupos de rock com temáticas voltadas para o público jovem e adolescente. São exemplos: Charlie Brown Jr, Skank, Detonautas e CPM 22.Você sabia? É comemorado em 27 de setembro o Dia da MPB.





DESENVOLVIMENTO: Montar um acervo musical,através de fotos,reportagens(recortes de jornais e revistas)dos grandes nomes da musica em todo o mundo.
-mostrar aos alunos discos de vinil e cds (falar sobre o atual e o antigo,enfatizar que a moda retrô está voltando)
-mostrar onde eram tocadas as musicas antigamente(nas vitrolas)
-fazer cartazes com letras de musicas,marchinhas de carnaval,etc
-apresentar aos alunos ritmos como samba,regaae,aché,pagode,funk,rap,opera,valsa,salsa,merengue,rock,
bossa,pop,musicas gregorianas,orquestras,clássicas,etc
-confeccionar com os alunos instrumentos musicais a partir de matérias recicláveis.
-fazer uma mostra de instrumentos musicais.(ou recorte e colagem)
-apresentar musicas indígenas,africanas,portuguesas,caribenhas,inglesas etc(a diversidade musical,estilos,ritmos diversificados)





FECHAMENTO: fazer uma mostra de tudo que foi pesquisado,escrever o depoimento dos alunos sobre tudo que eles aprenderam,e convidar uma banda para tocar muitos desses ritmos citados,expor os instrumentos confeccionados,ensaiar uma música com os alunos para eles se apresentarem encerrando o projeto.





HABILIDADES CONTEMPLADAS
Linguagem Oral e Escrita
-expressar-se corporalmente,emitindo sonorizações,cantando trechos de cantigas e brincadeiras do repertório da tradição brasileira.
-desenvolver a compreensão,utilizando a fala num diálogo,escutando os demais falantes numa conversa coletiva.
-relatar e expor soluções imaginadas para uma questão comum ou fatos do cotidiano(forma ordenada dos fatos)
-fazer uso de comportamento leitor competente,bem como o uso das estratégias de leitura(decodificar,inferir,antecipar,selecionar e checar)
-participar de brincadeiras com rodas de versos e cantigas,etc.


 
Música
-expressar-se produzindo sons com a voz,com o corpo e com materiais diversos,intercalados com o silêncio.
-interpretar músicas e canções diversas
-reconhecer e utilizar na expressão musical,algumas das características geradas pelo silêncio e pelo son (altura,duração,intensidade)
-participar de jogos e brincadeiras que envolvam a improvisação musical
-vivenciar e entender questões relacionadas a acústica e produção de som
-criar instrumentos musicais por meio de improvisações com ajuda do educador
-transpor o som percebido para a linguagem corporal ou em forma de desenhos
-vivenciar experiências que integram: música ,movimento e demais expressões:corporal,teatral e visual


 


Artes
-Descobrir propriedades e possibilidades de registros
-manipular diferentes suportes gráficos como jornal,papel,papelão,parede ,chão,caixas,madeiras,etc.
valorizar suas próprias produções e de outras crianças  e da produção de arte em geral(propiciar leitura dos objetos)
-desenvolver técnica e a percepção da qualidade do som produzido,através do contato com qualquer fonte produtora de sons
-ouvir e classificar os sons,quanto a altura,valendo-se das vozes dos animais e de objetos musicais
-estabelecer relação direta entre música e movimento
-criar pequenas canções,utilizando seus nomes,rimas,tendo como matriz o próprio repertório
-criar sonoplastia para as histórias contadas mediante a um livro de figuras


 


Movimento
-dançar ao som de músicas(percebendo as estruturas rítmicas),interagindo com os parceiros,imitando e criando movimentos(com e sem a utilização de materiais diversos)explorando os diferentes espaços
-expressar sensações ritmos corporais por meio de gestos,posturas e linguagem oral
-utilizar movimentos de diferentes qualidades rítmicas e expressivas nas situações cotidianas e em brincadeiras
-participar de brincadeiras tradicionais cantadas que envolvam representações de papéis





Matemática
-conhecer os diferentes instrumentos para marcar tempo e temperatura aproveitando situações do cotidiano
-ler gráficos e tabelas com intervenção do professor
-resolver situações-problema que envolva conceitos probabilísticos
-coletar informações e dados utilizando expressarem procedimentos pessoais de organização para se expressarem de modo a facilitar a visualização(tabelas e gráficos)
-definir trajetos a partir de um ponto de partida pré-determinado
-desenvolver noções de lateralidade e comunicar o deslocamento (direção e sentido)
-observar e identificar a função do número nos diversos contextos sociais
-utilizar a contagem oral,noções de quantidade em jogos,brincadeiras e músicas junto com o professor nos diversos contextos do cotidiano(tabelas,calculadoras,telefone...)





Natureza e Sociedade
-aprender a relacionar-se através de vivências do cotidiano e brincadeiras
-cuidar do ambiente e seus pertences
-conhecer o ambiente físico e social através das brincadeiras
-participar de brincadeiras e jogos interagindo com adultos e crianças
-compreender e atender os combinados em diferentes níveis,apropriando-se de regras de convívio social
-localizar-se no tempo e no espaço através de situações do cotidiano
-estabelecer contato e relações entre diferentes espécies de seres vivos,observando suas características e necessidades.
-relatar acontecimentos,trocando idéias e informações
-ampliar repertório de histórias,brincadeiras humanas e com o meio,enfrentando desafios e solucionando situações problemas










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